“Rio de Clarice”: Cinco diretoras recriam o universo de Clarice Lispector em longa que celebra os 105 anos da autora

O longa-metragem “Rio de Clarice” é uma obra coletiva dirigida por cinco mulheres — Eunice Gutman, Maria Luiza Aboim, Taciana Oliveira, Barbara Kahane e Nicole Allgranti —
que revisitam, em linguagem contemporânea, cinco contos de Clarice Lispector. O filme marca as comemorações pelos 105 anos de nascimento da escritora, uma das vozes mais
importantes da literatura brasileira no Brasil e no mundo.

Produzido pela Aboim Produções e Artes, de Maria Luiza Aboim com a Taboca Produções Artísticas, de Nicole Allgranti — que assina a direção geral — o longa nasce de uma
trajetória dedicada ao cinema feito por mulheres e sobre mulheres. A produção executiva é de Lilly Clark. O roteiro é assinado por Nicole Allgranti e Teresa Montero, reconhecida
pesquisadora e biógrafa da obra clariceana.

Filmado 99% em Teresópolis (RJ), o projeto foi viabilizado pela Lei Paulo Gustavo, pela Secretaria de Estado e Economia Criativa do Rio de Janeiro, e conta com recursos da
Ancine. Agora, as produtoras iniciam diálogos com distribuidoras para definir o lançamento comercial do filme.

Rio de Clarice é dividido em cinco contos, cada um adaptado e dirigido por uma cineasta
diferente.

“Feliz Aniversário” — direção: Maria Luiza Aboim
Aos 89 anos, D. Anitta (Madhia) recebe a família para uma celebração marcada por tensões, pequenas violências e mágoas profundas. Conflitos entre noras (Lucélia Santos e
Louise Cardoso), disputas entre irmãos e ressentimentos antigos emergem num retrato íntimo da fratura familiar.

“Mal Estar de um Anjo” — direção: Eunice Gutman
Após sair do consultório da psicanalista, Anjo (Letícia Spiller) vive uma noite tensa durante uma forte chuva. Dentro de um táxi, a presença inesperada de uma terceira passageira — a
misteriosa Invasora (Gabrielle Farias) — desencadeia um jogo psicológico de manipulação e limites.

“A Bela e a Fera ou A Ferida Grande Demais” — direção: Nicole Allgranti
Carla (Letícia Isnard), mulher elegante e infeliz no casamento, perde o celular no caminho para casa e vê sua rotina desmoronar. Num encontro inesperado com uma mulher em
situação de rua (Guida Vianna), ela se confronta com sua própria vulnerabilidade e com as fissuras de sua vida privilegiada.

“Amor” — direção: Taciana Oliveira
Hanna (Bia Sion), mulher judia ortodoxa entediada pela rotina matrimonial, embarca num percurso de epifania ao perder o ponto do ônibus e se deparar com um parque que
desperta memórias, sensações e revelações internas.

“Preciosidade” — direção: Barbara Kahane
Centrada na relação entre uma jovem (Karolyna Mendes), a empregada que a cria (Duaia Assumpção) e o pai ausente (Flávio Bauraqui), a história aborda assédio, dor e
amadurecimento. Um episódio traumático leva a personagem a confrontar sua própria força e fragilidade.