
Um em cada 9 adolescentes usa cigarro eletrônico no Brasil, conforme estudo da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), divulgado recentemente. Para se ter uma ideia, a quantidade de usuários jovens que usam o dispositivo já é cinco vezes o total daqueles que fumam o cigarro tradicional. O Cirurgião torácico Rodrigo Santiago, do NOA (Núcleo de Oncologia do Agreste), em Caruaru, Pernambuco, alerta para os malefícios do uso do dispositivo.
Apesar do produto não ser regulamentado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária no Brasil), a professora de psiquiatria da Unifesp e coordenadora da pesquisa, Clarice Madruga, destaca que a facilidade da aquisição pela internet amplia o acesso ao aparelho.
A coordenadora do levantamento diz lamentar o retorno do crescimento do uso de cigarro, após o sucesso de políticas antitabagistas, (iniciadas na década de 1990), que tinham freado o consumo. A pesquisa utilizou dados de 2022 a 2024 do Terceiro Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad 3).
É a primeira vez que cigarros eletrônicos entram no levantamento. O estudo ouviu uma média de 16 mil pessoas de 14 anos ou mais, de todas as regiões do país. Os participantes ouvidos receberam a opção de serem enviados para tratamento no Hospital São Paulo e no Centro de Atenção Integral em Saúde Mental da Unifesp.
O uso do cigarro eletrônico é altamente prejudicial à saúde, uma vez que a inalação de substâncias altamente tóxicas, como a nicotina, é muito maior nesse tipo de cigarro, se comparado ao tradicional, segundo a professora da Unifesp. Também conhecido como vape, o dispositivo contém um depósito onde é colocado um líquido concentrado de nicotina somado a solventes como água, propilenoglicol, glicerina e aromatizantes, sendo esse aquecido e inalado.
O cirurgião torácico Rodrigo Santiago reforça que a nicotina é uma das substâncias com maior poder de vício e dependência, a nível cerebral. "Sem contar que, uma vez lançada ao ar (pelo aparelho e pela expiração do usuário), leva quem está ao redor a inalar substâncias cancerígenas, a exemplo do formaldeído. Outros metais pesados também são liberados no vapor, além de substâncias químicas (que não têm comprovação de que são seguras, quando usadas a longo prazo) usadas para saborização".
Identificada pela primeira vez em 2019, a EVALI (E-cigarette or Vaping product use-Associated Lung Injury) é uma sigla em inglês para a doença pulmonar causada pelo uso do cigarro eletrônico ou vape. O cirurgião torácico explica que a condição está relacionada com a presença de acetato de vitamina E (tipo de óleo usado no líquido do cigarro eletrônico, especialmente nos que contém THC, que é uma substância psicoativa da maconha, e que interfere no funcionamento normal dos pulmões).
A doença pode apresentar sintomas comuns aos de outras condições respiratórias, a exemplo da pneumonia ou da gripe. O médico Rodrigo Santiago detalha exemplos como falta de ar, febre, tosse, náusea e vômito, dor no estômago, diarreia, tontura, palpitação, dor no peito e cansaço excessivo, que podem durar por alguns dias ou várias semanas. "Por isso a importância de se buscar ajuda médica. Uma vez diagnosticada, a doença é tratada via internamento, mediante uso de medicamentos como corticóides, antibióticos ou antivirais, assim como oxigênio".
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